TV independente na favela: iniciativa também terá streaming gratuito

TV independente na favela e streaming é um projeto do Sou + Favela, em parceria com o G10 Favelas, que tem expectativa de movimentar uma renda anual de R$ 180 milhões e gerar 3 mil empregos a moradores de comunidades a médio prazo

Recentemente, Gilson Rodrigues, líder comunitário de Paraisópolis (na zona Sul de São Paulo), e integrante do G10 Favelas – bloco que reúne líderes e empreendedores de impacto social de várias comunidades do Brasil – identificou que o que ele assiste em plataformas digitais não traduz a realidade em que vive.

TV independente na favela e streaming gratuitos

Ou seja, ele afirma que nunca houve identificação entre o morador da periferia, pobre e majoritariamnete negro, e o que é mostrado o fertado nos canais de televisão. Com este pensamento, Gilson se reuniu com o empresário Marx Rodrigues, de 36 anos, executivo da agência publicitária Sou + Favela. Com isso, eles darão o pontapé inicial num projeto ambicioso que promete criar uma emissora de TV independente na favela para chamar de sua, com direito a serviço de streaming — nos moldes do Globoplay e Netflix, por exemplo — e acesso gratuito.

Nova linguagem

Além disso, a iniciativa preza por uma nova linguagem que busca dialogar mais diretamente com as favelas. E seja nos comerciais ou nas atrações originais que já estão sendo produzidas. Isso inclui: reality shows, dicas de empreendimento e até programas esportivos.

Batizada de +Favela TV, a iniciativa pretende ainda gerar, em dois anos, empregos para pelo menos 3.000 pessoas que residem nestas comunidades. Isso movimentará a economia local de cada comunidade.

O projeto já tem procura de anunciantes e empresas de vários segmentos interessadas em parcerias. Marx e os idealizadores têm a expectativa de que a emissora gere uma renda anual de R$ 180 milhões. Apesar do foco no lucro, como em qualquer empreendimento, ele diz que parte do dinheiro arrecadado será também destinado a programas sociais já implementados nessas localidades.

Direção

Esta será a “primeira rede de TV independente dirigida e criada na favela do país”. E deve entrar no na primeira semana de maio, acessada por meio de um site, que será divulgado em breve.

Programação

Por outro lado, os espectadores poderão contar com uma programação de conteúdos originais e produzidos por pessoas das favelas. Porém, sob direção de profisisonais também contratados que já desempenharam trabalhos em grandes emissoras e empresas de comunicação.

A ideia é de que sejam produzidos conteúdos em mais de 300 favelas em todos os estados brasileiros e o Distrito Federal ao longo do projeto. Além disso, o estúdio principal, construído em Paraisópolis, já está pronto e ganhou ares inspirados nos telejornais regionais da TV Globo, com fundo panorâmico de vidro. E é a imagem imponente da favela que ajudará a ilustrar o objetivo dos criadores.  

Marx reforça:

“Nós sentimos que precisávamos produzir conteúdo da favela, tanto para o morador da favela, quanto para o conhecimento das pessoas de fora. Começamos a viabilizar, montamos o estúdio em Paraisópolis inspirado nos telejornais da TV Globo e o projeto foi ganhando uma dimensão super bacana. Rapidamente, várias empresas e veículos de mídia digital nos procuraram.”

Comunicação linear

Todavia, ele também explica que terão uma comunicação linear como toda TV. Ou seja, poderá ser acessada pelo site da plataforma, e um conteúdo on demand: com documentários, filmes, etc.

Os espectadores vão poder acompanhar de notícias diárias e entrevistas com celebridades a competições culinárias e musicais, por exemplo. Mas, com o DNA da favela.

Estudos

Para expressar essa nova linguagem que tanto querem passar ao espectador, o empresário conta que estudos estão sendo feitos pelo instituto de pesquisa em favelas ligado à sua empresa. E que a abordagem presente nos anúncios veiculados nos comerciais da +Favela TV será inovadora.

“ Hoje, no fim das contas, as empresas têm pesquisas de mercado onde conversam com pessoas em geral, da cidade. Até buscam pessoas com rendas mais baixas, mas não são esses 8% da população brasileira que moram em favela. Não adianta mais colocar nos comerciais até o cachorro como sendo branco e de olho azul. Ele precisa trazer uma linguagem, um conceito diferente. Não dá mais para colocar a madame milionária como sendo um exemplo.”

*Foto: Reprodução