Saída do X no Brasil, no longo prazo, pode ser bem complexa, uma vez que as empresas que investem em solo brasileiro podem começar a ficar com receio
A saída do X (antigo Twitter) não gerou nenhum impacto de curto prazo no mercado brasileiro. Isso porque a B3 não registrou quedas, analistas acalmaram investidores e seguiu o jogo. Além disso, especialistas de mercado ficaram inquietos a ponto de se questionarem: quais são os efeitos dessa saída no longo prazo?
A saída do X no Brasil foi determinada pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes, depois de a organização não cumprir determinações judiciais e por não ter um representante legal no País. Após a decisão, alguns empresários publicaram, no próprio X, suas posições contrárias à decisão.
Decisão complexa
Por outro lado, essa história entre o dono do X, o bilionário Elon Musk, e o governo e o Judiciário brasileiro é bem mais complexo e com muita falta de decoro, por parte de Musk. Mas, para o chefe-estrategista do grupo Laatus, Jefferson Laatus, os dois lados estão errados, cada um em sua proporção.
Ele destacou que o que um investidor não quer de um país é insegurança jurídica, onde há risco o tempo todo. Contudo, Laatus destacou que o Brasil não é esse país, uma vez que não houve casos similares por aqui, que colocassem em risco alguma empresa estrangeira.
Saída no curto prazo
Em suma, os efeitos da saída do X, no curto prazo, se limitaram à rixa entre Musk e as autoridades brasileiras, que vai desde o Presidente da República Lula, até o ministro do STF. Além disso, os mais prejudicados foram os usuários da rede social.
Mas e no longo prazo, quais são dos riscos?
Para Rodrigo Cohen, analista de investimentos e cofundador da Escola de Investimentos, no curto prazo, o fato não destrói a economia. No entanto, no médio e longo prazo, a depender das atitudes do governo e das empresas estrangeiras, pode haver impacto nos negócios.
Cohen disse ainda que essa é mais complexa do que se imagina, uma vez que as companhias que investem no Brasil podem começar a ficar receosas em caso deste tipo de movimentação recorrente, mas que seria pouco provável de ocorrer.
Ele pontuou que, caso Musk queira realmente que o X volte a operar no Brasil, ele irá buscar um representante legal no país. Esse movimento foi realizado, de acordo com informações da Folha de S.Paulo.
Grandes escritórios evitam representar empresas estrangeiras
Por outro lado, um grupo de advogados consultados pelo BP Money indicou que a saída do X não deve servir de alerta para outras empresas estrangeiras no Brasil. Além disso, eles sinalizaram ser muito comum que empresas que atuam somente online não tenham um representante legal no país.
Por fim, grandes escritórios de advocacia evitam, de certo modo, representar empresas ou investidores estrangeiros. Isso ocorreu porque, há algum tempo, a Justiça passou a considerar que o advogado-procurador seria responsável pelas dívidas das empresas, sobretudo aquelas que operam normalmente e têm recursos.
Fonte: Foto de DC Studio na Freepik