Quando vale a pena adquirir um negócio em crise

Para comprar um negócio em crise é necessário antes o empreendedor desvendar o motivo real da venda do empreendimento

No universo empresarial é comum empreendedores aproveitarem para comprar companhias que não vão bem como forma de expandir seus negócios. Isso engloba também a crise provocada pela pandemia de Covid-19.

Negócio em crise – vale a pena comprar?

Quando um empresário decide comprar um negócio em crise ele tem a seu favor um momento propício para negociações. E ainda há a possibilidade de iniciar a operação de modo mais rápido. No entanto, para essa transação dar certo é necessário estar atento aos riscos envolvidos no processo.

Pandemia

Sobre isso, a empresária Flávia Rodrigues, dona da Projjeta Design, loja de móveis em Janaúba, em Minas Gerais, afirma que trocar bastante informação com colegas em busca por saídas para a crise. E foi por meio disso que ela conheceu um empresário desmotivado da cidade vizinha, Montes Claros. Ele queria vender o negócio por causa da pandemia. Com isso, Flávia enxergou a oportunidade de ampliar para um mercado com maior agilidade. O segmento em questão é o de consumidores que estão equipando a casa na quarentena:

“Não queria perder tempo desenvolvendo uma pesquisa de mercado do zero. Já comecei com um espaço montado, com uma área de showroom que me atende e estacionamento.”

Sendo assim, a empresária adquiriu o estoque e toda a estrutura da loja. Além disso, ela optou em nomear a nova loja também como Projjeta Design, com o objetivo que sua marca ganhasse mais força no mercado.

Sebrae

Para o gerente de atendimento do Sebrae, Enio Pinto, a venda de patrimônio durante a crise, deve ser feita da seguinte forma: venda do ponto físico, mobiliário e estoque. Portanto, os trâmites não incluem venda da marca. Geralmente, esse tipo de procedimento é feito por pequenas empresas:

“Nem sempre o pequeno negócio tem uma marca capaz de motivar vendas. Por exemplo, uma padaria de bairro, que atende pela proximidade. É um bom negócio para o comprador, que não assume responsabilidade legal e herda uma carteira de clientes.”

Meios digitais

No caso da Flávia, comprar um negócio em crise valeu pena, já que a loja de móveis antiga tinha dificuldade em se comunicar com os clientes na pandemia e ainda aliado ao fator de não possuírem familiaridades com os meios digitais.

Além disso, Enio ressalta que identificar as reais causas da venda de uma empresa é muito importante para saber se é uma boa compra.

Ele ainda completou:

“Toda empresa existe para resolver um problema. Agora, o comprador precisa se perguntar se o problema para o qual aquele negócio foi criado está de pé.”

Fluxo de caixa

Para empresários que acumularam problemas de fluxo de caixa, vender o negócio em crise pode ser um jeito de obter renda ou de simplesmente não adquiria mais dívidas, revela o professor do Insper, David Kallás.

Este é o caso de Caio Bana, empreendedor e dono de uma empresa de cursos de segurança do trabalho que leva seu nome, situado no interior de São Paulo. Durante a quarentena ele adquiriu uma startup de educação a distância por quase a metade do valor proposto inicialmente, em razão do empreendimento ter ficado sem receita na pandemia.

Todavia, a estratégia de Caio foi conseguir digitalizar cursos como o de brigada de incêndio, reduzindo o deslocamento de instrutores. Durante o mês de agosto, as aulas serão gravadas. Já a plataforma deve entrar em funcionamento no fim deste mês.

Vantagens

Segundo Kallás, que comprar uma empresa que complemente seu ramo de atividade pode ter suas vantagens. Entre as quais: melhoria da eficiência dos custos e aumento da linha de produtos oferecidos aos mesmos clientes:

“Se eu tenho uma fábrica de produtos de limpeza e compro outra de vassouras, posso enviar um representante para vender as duas coisas no mercado.”

*Foto: Divulgação