Lojas virtuais brasileiras faturam mais com exportação

As lojas virtuais podem aproveitar a estrutura já existente para comercializar produtos em outros países e ainda tirar proveito da faixa cambial

Atualmente, o Brasil conta com mais de 900 mil lojas virtuais, segundo informações do PayPal. Só de 2018 para cá, o número de unidades ativas expandiu em 40%.

No entanto, o país não possui um perfil de potencial exportador. Quem afirma isso é o gerente de negócios sênior do eBay América Latina, Xavier Aguirre. O executivo ainda ressaltou em entrevista à Folha que muito espaço no mercado para produtos nacionais se darem bem em outros países.

Lojas virtuais

Utilizar a estrutura já existente de uma loja virtual para também exportar produtos pode tornar o negócio mais eficaz, segundo o professor da Escola Superior de Empreendedorismo do Sebrae-SP, Gabriel Vouga.

Esta mesma estrutura pode vir a atender a demanda de outros lugares do mundo, além de manter um gasto fixo estável e elevar também os preços, por conta da questão cambial.

O que faz sucesso lá fora

Não é necessário focar apenas em produtos típicos do país na hora de exportar. De acordo com o eBay, o leque pode ser aberto e para se ter uma noção os produtos mais exportados por brasileiros com lojas virtuais são: equipamentos de som para veículos, ilustrações, quadrinhos originais, produtos de beleza e relógios de pulso de luxo.

No setor de cuidados pessoais, moda, jogos eletrônicos e pets, o Brasil também pode ser competitivo, mirando a própria América Latina e a Europa, ressalta Vouga.

Estudo de mercado

Mesmo assim, não é fácil montar lojas virtuais, pois a concorrência hoje em dia é grande, além de ser necessário se destacar entre os pequenos negociantes em todo o mundo para estabilizar o negócio.

Portanto, realizar um estudo de mercado é essencial para saber logo no início se o público alvo está concentrado em um e-commerce (loja própria) ou em um marketplace (pontos de venda digitais que agregam marcas).

O marketplace é destinado ao comerciante que visa atrair mais público e atingir volume de vendas. Além disso, que não tenha necessidade de investir em mídia e poder se aproveitar do marketing espontâneo promovido pelo site. Por um valor fixo, a plataforma proporciona segurança em transações financeiras para o negociante e o consumidor e ainda resolve fraudes.

Diferenças entre lojas virtuais próprias e marketplaces

Segundo especialistas, os nichos de brinquedos, eletrônicos, móveis e utensílios domésticos não dependem de tanta propaganda por já estarem na mente do grande público. Portanto, o marketplace atende bem esses empreendedores.

Agora se o comerciante trabalhar com itens de decoração e de luxo e moda, um e-commerce pode ser o mais indicado. O motivo é que nesses casos é preciso reforçar a identidade da marca. Sendo assim, toda a operação é bancada pelo dono da loja virtual.

Aguirre explica;

“Os varejistas precisam entender onde estão seus clientes, como fazem compras, e organizar experiências personalizadas para atingir o público-alvo”.

eBayMag

Em 2018, a plataforma de comércio eletrônico lançou o eBayMag, um sistema em português que possibilita aos negociantes listarem seus produtos em nove versões internacionais no site. O número de usuários brasileiro praticamente dobrou em menos de um ano.

A empresária e artesã de São Paulo Barbara Kramer optou pelo marketplace para exportar seus biquínis de crochê. Sua marca, a Saravah, foi criada em 2011. Mas foi após se relacionar com um australiano durante a Copa do Mundo 2014, que passou a exportar suas peças. A ideia dela era ir morar com ele e fez um teste ao vender seu trabalho para uma clientela estrangeira.

Ela iniciou as vendas no site Etsy, um marketplace do ramo de artesanato, decoração e design. Segundo a artesã este portal “dá menos trabalho, a logística já está pronta, você só tem que seguir”.

O romance acabou, mas Barbara continuou exportando, pois percebeu que este era um bom caminho para seu negócio. Para ela, o trabalho manual é mais valorizado fora do Brasil. Barbara cita como exemplo que já chegou a ouvir de uma cliente se não podia lhe dar desconto, pois realizava um trabalho similar ao de suas avós.

Fonte: Folha de S. Paulo

*Foto: Divulgação / Lucas Seixas/Folhapress