Internet chega à zona rural com o fim da TV analógica

O fim da TV analógica que ainda marcava presença no campo dá lugar agora a implementação da era digital. Já existe um projeto que visa expandir a internet em zonas rurais.

Empresas voltadas às telecomunicações e ao agronegócio produziram uma tecnologia capaz de conectar a internet 4G em uma faixa de frequência de 700 MHz que antes era utilizada como sinal da TV analógica.

O envolvimento dessas oito companhias tem por objetivo estimular cada vez mais o comércio nestas regiões, que podem vender desde planos telefônicos até maquinário agrícola e demais complementos.

Antigamente, sem o advento da era virtual presente no campo, as companhias não conseguiam fazer com que seus equipamentos chegassem a estes lugares. Um exemplo disso é mesmo já existindo um maquinário moderno para medir em tempo real a situação das lavouras o mesmo não chegava a estas regiões e com isso tomadas de decisões importantes eram adiadas.

Novos negócios

Na Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação) deste ano houve encontros que geraram ideias de negócios no valor de R$ 2,9 bilhões.

Com a interação por meio da internet e seus adventos, os equipamentos implantados nestas áreas conseguem transmitir dados em tempo real aos gestores do projeto. Assim, eles otimizam o tempo, diminuem gastos tomam decisões mais assertivas nas fazendas.

Conectar Agro

Inspirada no maquinário americano da empresa John Deere, os brasileiros criaram o Conectar Agro. No ano passado, a companhia dos EUA criou uma parceria entre um provedor de internet e o fornecedor de telecomunicações Tropico. Juntos, eles disponibilizaram a instalação de antenas LTE em fazendas para unir veículos e máquinas.

O diferencial entre eles é que os brasileiros instituíram por aqui o fato dessa rede de conexão ser aberta. Sendo assim, qualquer indivíduo que dirigir ou andar por estradas rurais que possui cobertura de sinal de uma operadora inserida no projeto conseguirá utilizar seu celular sem problemas.

Participantes

Uma dessas fornecedoras de sinal é a companhia TIM que relata que ainda só chega a 10% do total a cobertura de sinal nestas regiões. A estimativa da empresa é prover internet em 5 milhões de hectares ainda em 2019. Este número é equivalente a 7 milhões de campos de futebol de moldes da Fifa.

A TIM atende atualmente 700 mil hectares. Já o território nacional abrange 65 milhões de hectares referentes ao cultivo de oleaginosas e grãos. Em relação à frequência disponível nesses lugares chega a 1.497.

Outras companhias envolvidas no negócio são: Nokia, Jacto, AGCO Climate FieldView, CNH Industrial, Solinftec e Trimble. Juntas, elas reuniram forças para desenvolver a plataforma de código aberto por onde roda a conexão 4G.

De acordo com o diretor de marketing do segmento corporativo da TIM Brasil, Rafael Marquez, é possível atender uma região bem grande, dependendo da antena que estiver naquela localidade. Ele finaliza que já aconteceu de um sinal de antena atingir 35 mil hectares em uma única frequência.  

Custos e implementação

Para ter acesso a este serviço, os produtores rurais pagarão de acordo com o tamanho da propriedade. Por exemplo, o valor por hectare deve ser em torno de meia saca de soja, que hoje custa R$ 35.

É importante ressaltar que a implantação do sistema será gradual, ou seja, tem que ser conforme a limpeza da faixa de frequência. Com isso, será evitado que ocorra interferências entre o sinal de internet e os canais de TV.

Fora a TIM, as operadoras Algar, Claro e Vivo também possuem autorização para operar a faixa, conectando a internet 4G. Marquez afirma que a frequência de 700 MHz não possui restrição geográfica em nenhum lugar do país, o que é algo positivo para o negócio. Ele ainda diz que não faz sentido nos tempos atuais um dos principais setores econômicos do Brasil estar desconectado do mundo moderno.

Segundo o vice-presidente para a América do Sul da Case IH, Christian González diz que o maquinário moderno, que engloba colheitadeiras e plantadoras, consegue ser ajustado a todo instante durante o processo de procura por maior frequência. Porém isso só é possível quando os equipamentos estão ligados a uma sala de operações.

Além das já citadas, a operadora de telefonia Oi fechou contrato com uma das fazendas administradas pela tranding Amaggi. O acordo consiste em ela fornecer internet à propriedade rural chamada Tucunaré (em mato Grosso), de 87 mil hectares.

Fonte: Reuters para a Folha

*Foto: Divulgação