A indústria 4.0 pode atingir o empreendedorismo no Brasil. Este é o desejo do Fórum Econômico Mundial. Em parceria com o Ministério da Economia, do governo federal, além do governo estadual de São Paulo, a organização informou na semana passada que um projeto piloto pode incentivar a Quarta Revolução Industrial nas pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras. A iniciativa está prevista para acontecer em maio de 2020, no período em que a capital paulista abrigará o Fórum Econômico Mundial para a América Latina.
Internet das Coisas
O foco do encontro será a difusão da Internet das Coisas (de dispositivos inteligentes) no maquinário industrial nacional. Com isso, a meta é que setores distintos da economia, o que inclui governos, iniciativa privada, universidades e sociedade civil, contribuam na elaboração de soluções e políticas de incentivo industrial. O FEM pretende dar suporte financeiro, capacitação de trabalhadores e ainda colaborar com outras empresas. O começo do projeto contemplará 130 companhias e até 2021 este número pode aumentar 2 mil.
O Fórum também agrega iniciativas semelhantes em outros países, entre eles: Arábia Saudita, África do Sul, China, Colômbia, Emirados Árabes Unidos, Índia, Israel e Japão. O objetivo comum de todos eles é o de fomentar a criação de protocolos para tecnologias de desenvolvimento rápido como, por exemplo, blockchain, drones e veículos autônomos.
Em relação às PMEs, o Brasil será o único a receber este enfoque, o que equivale a 98,5% das empresas do país, e 90% no mundo, conforme informações divulgadas pelo Banco Mundial. Portanto, é de fundamental importância que as pequenas empresas não caiam no esquecimento. Sobre isso, Paulo Morat Sönmez, diretor do Centro para a Quarta Revolução Industrial, que é uma rede composta por 27 países, criada em 2017 pelo Fórum Econômico Mundial, afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo:
“Se elas forem deixadas para trás, existem consequências no emprego e no crescimento econômico de um país”.
O que é indústria 4.0?
A indústria 4.0 chega ao mercado como a mais recente fase do processo de industrialização do mundo e diz respeito à automação e digitalização de atividades das companhias, que inclui a utilização de robôs de inteligência artificial e Big Data na produção.
Alemanha, Estados Unidos, China, Coreia do Sul e Japão lideram o ranking desta corrida mundial e injetam capital na ordem de bilhões de dólares para ampliar a produtividade e eficiência industrial. Até o ano que vem, devem ser investidos aproximadamente US$ 1 trilhão na indústria, segundo a empresa de serviços britânica Deloitte.
Indústria 4.0 no Brasil
Entretanto, no Brasil, este conceito ainda é pouco disseminado. De acordo com um estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), realizada em março de 2018, 32% das empresas brasileiras não sabem o significado do termo indústria 4.0. Além disso, 23% dos entrevistados confirmaram que não estariam preparados para enfrentar os desafios impostos pela digitalização. A pesquisa indica que é possível que o país reduza a sua desvantagem em relação aos outros países, se adotar uma política pública nacional para o setor industrial. Caso contrário, pode ser que se instale um agravamento pelo fator distância.
Embraer
Em território nacional, um case de sucesso que pode ser citado é o da Embraer, que usou automação na linha de montagem e agora é toda digitalizada, dispensando a utilização de protótipos, e ainda conta com monitoramento em tempo real do chão de fábrica.
Com isso, há uma diminuição do tempo de produção da aeronave em 25% e, consequentemente, tem um ganho e eficácia e otimização. Porém, Sönmez ressalta que as grandes companhias não enfrentarão dificuldades, pois elas possuem o capital necessário e expertise. E conclui:
“Se não nos movermos rápido, ficaremos ainda mais para trás”, afirma o diretor do Fórum, apontando que as tecnologias mudam de um dia para o outro. “O governo demora muito tempo para decidir, mas nós não temos mais esse luxo com a Quarta Revolução Industrial.”
Fonte: revista EXAME
*Foto: Reprodução / Getty Images