EUA recua de decisão e adia sanções contra Huawei por três meses

Paralisação já havia impactado as principais fabricantes de chip do mundo e o Google

Na tarde de segunda-feira (20), os Estados Unidos determinaram adiar até agosto a suspensão de exportações de tecnologia para a empresa chinesa de telecomunicações Huawei. A divulgação veio do Departamento de Comércio.

De acordo com o comunicado do órgão americano, o prazo maior concedido foi: “para manter e respaldar as redes e equipamentos existentes e, atualmente, em pleno funcionamento, inclusive as atualizações de software”.


As ameaças do governo Trump

Além das principais Bolsas mundiais recuarem na segunda em função das sanções, as ameaças do governo Trump atingiram outros setores. A intenção dos EUA era sufocar a gigante chinesa. O impacto foi tão grande que alcançou algumas das maiores fabricantes de peças do mundo, que forneciam suprimentos à Huawei. A companhia chinesa pode conseguir ultrapassar o Vale do Silício (Califórnia) em matéria de tecnologia.

Analistas do setor afirmaram à agência AFP estimar que US$ 11 bilhões em componentes foram comercializados por empresas norte-americanas ao grupo chinês, em 2018.


Fabricantes de chips e Google

Na manhã de ontem (20), segundo a agência Bloomberg, as fabricantes de chips Broadcom, Intel, Qualcomm, e Xilinx já haviam anunciado aos seus funcionários que suspenderiam a distribuição de produtos à Huawei até segunda ordem.

No mesmo período, o Google também divulgou o corte de suprimentos à gigante chinesa. Este fator impacta automaticamente os usuários de smartphones da Huawei, em função de ser utilizado o sistema Android da empresa americana. Estes celulares correm o risco de ficar sem poder utilizar os aplicativos Google Maps ou Gmail.


Palavra do fundador da Huawei

No sábado, Ren Zhengfei, fundador da Huawei, afirmou à imprensa do Japão que a companhia está montada para afrontar a pressão de Washington. Além disso, ele também comunicou que vai diminuir o vínculo com empresas de componentes americanos.

A Huawei é sediada em Shenzen, ao sul da China e atualmente ainda é muito dependente de peças estrangeiras. Prova disso é que todo ano adquire US$ 11 bilhões em suprimentos vindos dos EUA, de um total de US$ 67 bilhões de gastos nesta seção. A afirmação é periódico japonês Nikkei.

Hoje, a Huawei é a segunda maior fabricante de celulares no mundo, fica atrás apenas da sul-coreana Samsung.


Suspeita de espionagem

Os últimos acontecimentos entre a Huawei e o governo americano firam em torno da suspeita da empresa chinesa praticar espionagem a favor de Pequim. Caso seja verdade, o fato teria colaborado para a ascensão internacional do grupo chinês, nos últimos tempos.

O medo da capital americana é que a Huawei seja uma espécie de cavalo de Troia da China. Atualmente, a companhia está presente em 170 países e possui 190 mil empregados. Além disso, a ausência de transparência da Huawei, o passado militar de Ren Zhengfei e o fato dele integrar o Partido Comunista nutrem ainda mais as suspeitas de que o grupo chinês está sob controle de Pequim. Estas suposições ficaram mais fortes ainda quando uma lei decretada em 2017 obrigou companhias chinesas a fornecer serviços de inteligência ao país.

A Huawei vendeu 59,1 milhões de aparelhos móveis no primeiro trimestre deste ano. Esse valor representa 19% do mercado e fez a chinesa ultrapassar a norte-americana Apple. Porém, ainda permanece atrás da Samsung. No quesito 5G, a companhia está entre as líderes da nova geração da internet móvel, atualmente em fase de desenvolvimento.

*Foto: Divulgação