Em virtude dos efeitos da operação Lava-Jato, o PIB da construção civil reduziu 28%, no período de 2014 a 2018
O conglomerado da construção civil, a Triunfo entrou recentemente com pedido de recuperação judicial. A solicitação inclui mais duas companhias pertencentes a holding: a Inepar e a TIISA.
Como justificativa para a solicitação, a empresa disse que em decorrência de dívidas altas, além da crise econômica que ainda assola o país, os motivou a tomar tal atitude.
No entanto, fica de fora da recuperação a empresa Triunfo Participações e Investimentos. Ela atua na Bolsa de Valores e detém ações, entre elas o aeroporto de Viracopos. Mesmo que alguns sócios sejam os mesmos, porém, são negócios distintos e que um não interfere no mecanismo do outro.
Dívida atual
Hoje, a dívida do conglomerado de construções é de R$ 480 milhões, de acordo com o controlador da TPI, João Villar Garcia. Em declaração à época do pedido de recuperação judicial, ele disse à revista EXAME:
“Entramos com o pedido por causa da retração do mercado de construção civil e da restrição de crédito por parte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social”.
Auxílio para a recuperação judicial
Para auxiliar no plano de recuperação judicial, a Triunfo contratou os serviços da consultoria Alvarez & Marsal. Do momento em que é homologado o pedido, a construtora terá o prazo de 60 dias para apresentar um planejamento. Segundo Villar, o plano tem condições de ser colocado em prática.
Tomada de decisão
A gota d’água para que a Triunfo decidisse entrar com solicitação de recuperação judicial foram os dois pedidos de falência protocolados contra a empresa participante da holding, TIISA, em 12 de junho.
De acordo com informações da Triunfo, as empresas que integram o grupo possuem R$ 6 bilhões em relação a obras contratadas.
Principais motivos para entrar em recuperação judicial
Além da falência da TIISA, o conglomerado também justificou o pedido de recuperação judicial baseado no encolhimento do PIB no setor de construções entre 2014 e 2018 e que marcou 28%. O grupo destaca que houve um agravamento neste período em decorrência dos efeitos proporcionados pela investigação da Lava-Jato e também pela instabilidade política que aflige o país desde então.
A solicitação foi protocolada pelo escritório de advocacia Galdino & Coelho. Eles afirmam que mesmo que tenha um número de contratos considerável, o faturamento é inexpressivo. Pois, as empresas contratantes não possuem condições de investir neste momento nas construções.
Com esses agravantes, a holding sofreu uma queda em seu faturamento, passando de R$ 996 milhões em 2014 para R$ 300 milhões em 2018. Além disso, durante a mesma época, o lucro líquido despencou de R$ 84 milhões para R$ 1 milhão. Já em relação ao quadro de funcionários houve uma redução de 4.200 para 600 no decorrer desses quatro anos.
A Triunfo ainda reforça que o faturamento das seis maiores empreiteiras do Brasil também despencou de 2014 a 2018. As construtoras em questão são: Camargo Corrêa, que teve à frente do Conselho por dez anos o executivo Vitor Hallack; Andrade Gutierrez; Odebrecht; Queiroz Galvão; Constan e Mendes Júnior. Juntas, elas caíram de R$ 77 bilhões em 2015 para R$ 22 bilhões no ano passado. Já a união de todas em relação à demissão de empregados foi de 200 mil de um total de 500 mil colaboradores.
História do conglomerado
O grupo de construção Triunfo foi fundado em 2006 para passar a comandar a já renomada construtora Triunfo, que começou a atuar no mercado em 1978. Ela é uma das maiores concessionárias e empreiteiras do território nacional.
Em 2009, foi criada a empresa TIISA, atuante em obras ferroviárias e de saneamento. Um ano depois, surgiu a terceira e última companhia da holding, a Inepar, fabricante de painéis e estruturas produzidas em fibras de vidro e resinas.
Fonte: revista EXAME
*Foto: Divulgação / DER