Clínicas privadas de vacinação têm baixo investimento e difusão de informação sobre imunizantes explicam boom neste período
Em meio à pandemia de Covid-19, as clínicas privadas de vacinação tiveram um crescimento considerável. Apesar de incerto este aumento, ele atrai o setor de empreendedorismo.
De 2020 para cá houve um boom na abertura desses estabelecimentos, que quase dobraram no país. É o que afirma Geraldo Barbosa, presidente da ABCVAC (Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas).
Clínicas privadas de vacinação
No Brasil, apesar de uma pessoa sem experiência na área da saúde, ela pode investir no ramo desde que o negócio tenha um responsável técnico. Este pode ser um médico, um enfermeiro, um farmacêutico ou um biomédico. Até 2017, uma regra exigia que esse papel fosse desempenhado por um médico e um enfermeiro.
Entretanto, com a flexibilização da lei, somada à difusão de informações sobre vacinas na pandemia e o baixo investimento que clínicas menores exigem, explicam o crescimento do setor.
Franquias
O setor abre um nicho de franquias, como as da Saúde Livre Vacinas. A procura por novas unidades cresceu entre 50% e 60%, desde março de 2020, afirma Rosane Orth, diretora administrativa da empresa. A marca está em fase de expansão e atualmente possui 42 unidades espalhadas pelo país e outras 18 em fase de implementação.
Hoje, uma clínica no formato “store in store”. Ou seja, dentro de outro estabelecimente, pode ser montada com R$ 135 mil. Além disso, o faturamento médio é em torno de R$ 100 mil por mês, e o tempo de retorno do investimento varia de 18 a 24 meses.
Pontos privados de vacinação
De acordo com a ABCVAC, o Brasil tinha 15 mil pontos privados de vacinação no fim de 2020. Isso inclui farmácias, laboratórios e clínicas, que são cerca de 3.000 unidades.
Apesar da pandemia, o crescimento desse mercado não é novidade. Isso porque o mesmo ocorreu durante o surto de H1N1. Na ocasião, o número de clínicas no país aumentou em torno de 60% de 2016 para 2017. Porém, somente metade desses estabelecimentos conseguiu manter as operações. Barbosa revela:
“Muita gente acha que é um serviço fácil, que é só aplicar a vacina, mas é mais complexo.”
Notificação
Por outro lado, todas as doses aplicadas e os eventuais efeitos adversos devem ser notificados ao Ministério da Saúde. Sendo assim, antes de abrir o negócio, é necessário conhecer a fundo as regulamentações do setor. Portanto, empreendedores devem se precaver da grande oscilação de demanda característica do segmento.
Um exemplo disso é que no ano passado houve uma corrida por vacinas contra a gripe. E neste ano, governos estaduais e municipais estão fazendo campanha pedindo para que as pessoas compareçam aos postos de saúde em decorrência da baixa procura eplo imunizante.
Cadeia de fornecedores
Embora a expansão do número de clínicas privadas de vacinação seja positiva, ainda existe a preocupação com a cadeia de fornecedores. Isso porque elas não crescem no mesmo ritmo. Para Barbosa, faltam alguns imunizantes em locais de grande procura, como as vacinas contra hepatite A e tetra viral. Com isso, o negócio deve crescer de forma gradual.
Plano de negócio
Por outro lado, para o consultor do Sebrae-SP, Fábio Souza, o estabelecimento deve ter um plano de negócio. Neste caso, é importante que o empreendedor amplie o portfólio de serviço, aumentando sua fonte de receita.
Cobertura vacinal no Brasil
Mesmo que o mercado de clínicas privadas de vacinação esteja em ascensão, a pandemia, parodoxalmente, agravou o declínio na cobertura vacinal no país.
De acordo com o Relatório do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde, em 2020 menos da metade dos municípios atingiu ou superou as metas de cobertura estabelecidas pelo plano de imunização para nove vacinas. Entre elas a MMR (contra sarampo, caxumba e rubéola) e a BCG (contra tuberculose). O medo da Covid-19 é um dos motivos apontados para o recuo.
*Foto: Divulgação/Karime Xavier