Somente o Brasil cobra uma taxa de juros de cartão de crédito tão exorbitante. O restante da América Latina não é praticante de tal fato. A alta tarifa vinda de empresas de cartão pode ser comparada a valores de um agiota. A única diferença é que elas são cobradas por instituições financeiras reguladas pelo Banco Central.
Mesmo que os bancos conheçam a história financeira de cada cliente e serem os responsáveis por emitirem a maioria dos cartões de crédito, além de determinar qual o valor máximo a ser usado por mês, ainda assim eles não são capazes de cobrarem tarifas mais reduzidas.
Crédito rotativo
Apesar dos consumidores ‘assumirem’ que pagarão a taxa do crédito rotativo de parcelamento, não é o que ocorre, em decorrência das altas taxas. Portanto, eles entrarão para a lista de inadimplentes em curto espaço de tempo.
Por esses fatores, é estranho quando economistas dizem que os juros sofreram queda de 454,8% em novembro de 2016 para 299,5% em março de 2019, por exemplo. Ao mesmo tempo, ninguém entra em discussão neste quesito para tentar resolver esse impasse.
Com isso, chega-se ao resultado de que a causa está ligada à concentração bancária. Pois, para cometer tais percentuais, os bancos necessitam possuir um portfólio triturado não apenas no tamanho de cada dívida, mas também em nível abrangente de exposição às atividades econômicas e suas regiões geográficas.
No entanto, os bancos conseguem receber ao menos as primeiras parcelas desses clientes que se tornam inadimplentes no meio do caminho. Esse dinheiro já seria capaz de cobrir a dívida, pois com a alta taxa cobrada de juros, esse débito vira um novelo de lã e a pessoa acaba pagando muito mais do que deveria.
Bacen
Uma tabela do Bacen mostra que a taxa de juros de cartão de crédito cobrada pelo Brasil em comparação a outros países é bastante alta. O país lidera o ranking, com 299,5% ou o equivalente a 280,8% em termos reais e uma inflação de 12 meses, marcando 4,9%. Em segundo lugar vem a Argentina com 63,3% e taxas reais de 4,8%, mas com inflação de 55,8%. Em último lugar estão os EUA com juros efetivos de 17, 73% frente a tarifas reais de 15,4% e apenas 2% de inflação. Esses dados são referentes ao mês de março deste ano.
Nos outros países, parcelar compras no cartão de crédito é algo comum. Porém, no Brasil utilizar o crédito rotativo no cartão é uma atitude mal vista.
Por essas todos esses fatores em relação à alta de juros, o Banco Central decidiu intervir em abril de 2017. Ele definiu que a cobrança de tais tarifas referentes ao crédito rotativo não poderiam exceder o prazo de 30 dias.
Após este período, os bancos deveriam propor outros tipos de linha de crédito ao cliente com parcelamento a uma taxa mais razoável. Acontece que as instituições financeiras ofereceram uma linha de crédito aos inadimplentes que não pagaram o rotativo do cartão em 30 dias com cobranças de cerca de 170% ao ano.
Diferente de outros lugares do mundo, a real taxa de crédito rotativo no cartão de crédito não existe no Brasil. Pois, por aqui parece errado a pessoa precisar parcelar um item de consumo, tanto que praticamente não há diferença na tarifa cobrada pelos bancos para quem decide parcelar a compra ou para o inadimplente que deixa a dívida correr simplesmente.
Nos outros países
Nos EUA, 70,9% integram a lista de crédito rotativo, enquanto que apenas 29% pagam suas faturas à vista. Esse percentual diz respeito a US$ 1,1 trilhão ou 5,1% do PIB (Produto Interno Bruto). Atualmente, os inadimplentes americanos são de 2,74%, no passado chegou a atingir 3,68%.
Já o percentual de mexicanos que fazem parte do crédito rotativo é de 71,1%. Contudo, o índice de inadimplência é de 5,3%, um pouco menor que a brasileira, de 5,8%. No entanto, o resultado de crédito rotativo no Brasil é de somente 21,5% da diferença total do uso de cartão de crédito. Todas as informações são de março de 2019.
Fonte: Economia – UOL
*Foto: Divulgação