Medida de liquidez bancária pode ajudar os bancos e o mercado de títulos corporativos do país, afirma presidente do Banco Central, Ricardo Campos Neto
O Banco Central tornará permanente uma medida adotada em 2020. Sendo assim, tal iniciativa possibilita empréstimo a instituições financeiras com lastro em debêntures, um tipo de título privado, em vez de títulos públicos, como era feito antes.
Liquidez bancária
Anunciada em março do ano passado, a Linha Temporária Especial de Liquidez integrou uma série de medidas do BC em combate aos impactos gerados pela pandemia de Covid-19. Nesta época, a crise ainda estava no começo.
À época, o BC afirmou que o potencial de liberação de recursos ao mercado com a medida era de R$ 91 bilhões. Já o pacote completo de ações informado em conjunto poderia liberar R$ 1,2 trilhão na economia.
Evento online transmitido pelo FMI
Nesta terça-feira (6), durante um evento online transmitido pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que faz parte de seus Encontros de Primavera e gravado na última quinta (1º), o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que a medida de liquidez bancária ajudará os bancos e o nascente mercado de títulos corporativos do Brasil.
“Isso muda toda a cadeia de emissão de dívida privada e a forma como vemos a dívida privada. Os bancos podem cobrar menos prêmio quando mantêm dívida privada no balanço, porque agora sabem que podem obter liquidez com isso.”
E ainda acrescentou:
“Esta é uma mudança que vamos tornar permanente e estamos projetando um sistema para torná-la permanente.”
Política monetária e inflação
Em contrapartida, para Campos Neto, a política monetária e a inflação ainda geram aumento antecipado das taxas de juros. Isto é, que não será necessário elevar tanto a Selic ao longo do ciclo de aperto.
Todavia, o BC começou uma “normalização parcial” da política monetária em março. Isso tudo elevou a taxa básica de jutos Selic em 75 pontos-base, para 2,75%. E, salvo grande mudança na perspectiva, prometeu repetir a dose em maio.
Por fim, o banco diz que a inflação está bem acima da meta perseguida pela instituição para o fim de 2021, de 3,75%. Além disso, a taxa de câmbio está fraca, aliada às perspectivas fiscais, que estão se deteriorando. Ou seja, tudo isso indica um aperto monetário contínuo, apesar da pandemia e da piora do cenário para crescimento.
*Foto: Divulgação