Ativos distressed diz respeito a processos de recuperação judicial de grandes empresas; entenda os casos
Cava vez mais comum ouvirmos falar em processos de recuperação judicial de grandes empresas, além da crise econômica que leva à inadimplência. E somado a tudo isso ainda há discussões sobre os precatórios, entre outras questões. Todos esses processos chamam a atenção para uma categoria específica de fundos: os que investem exatamente nesses “problemas”, os chamados fundos de distressed assets. Neste artigo, você poderá ter melhor dimensão do assunto.
O que são ativos distressed?
Em primeiro lugar, é preciso entender que enquanto muitos enxergam nessas notícias apenas dificuldades, esses fundos enxergam oportunidades de ganhos. E é justamente por meio dos riscos, geralmente maiores dos que os dos ativos mais ortodoxos, é que podem conquistar retornos que podem compensar, para o investidor, essa maior ousadia.
É esta categoria, também conhecida como “de situações especiais” que chamamos de ativos distresseds (ativos estressados). No caso, investe-se em uma infinidade de tipos de ativos. Porém, sempre naqueles que possuem algum potencial de “compra” de um problema com descontos significativos. Em seguida, ao adquirir os ativos problemáticos, os fundos têm um tempo – em geral, seis anos – para endereçar a questão e devolver um retorno positivo para os cotistas.
No Brasil, a empresa RK Partners, do CEO e cofundador Ricardo K. é hoje a principal consultoria especializada em reorganizações empresariais do país. No ano passado, ela foi a responsável por ajudar na entrada da Itaú Asset no mercado nacional de distressed assets.
Como ocorrem os investimentos
Em relação aos investimentos, estes são tão diversos quanto as carteiras de créditos inadimplentes que os bancos consideram quase perdidos até imóveis enrolados em inventários não completados, passando por precatórios federais, financiamento de empresas em dificuldades momentâneas e direitos em disputas judiciais ou arbitrais.
Neste caso, para o investidor, os riscos são proporcionais ao grau de dificuldade de recuperação do ativo. Hoje, a maioria dos fundos distressed no Brasil fica restrita a investidores profissionais. Ou seja, os que têm pelo menos R$ 10 milhões aplicados no mercado financeiro.
Tempo de aplicação
Quem investe num fundo distressed deve estar disposto a deixar o dinheiro aplicado por anos, durante todo o período de duração do fundo. Portanto, ele é um investimento ilíquido, mas interessante apenas para o investidor que já tiver um portfólio com ativos de maior liquidez para poder resgatar quando achar necessário que tenham conforto técnico e jurídico para montar as operações, afirma Filipe Mattos, head de Special Situations da XP Asset.
Para ele, o ponto é que, para montar uma estrutura de fundo distressed que libere recursos para uma empresa ou uma parte de um litígio, a gestora precisa ter condições mínimas para avaliar o risco. Se houver muita instabilidade jurídica, o trabalho pode ser inviabilizado.
Por fim, para o fundador e sócio da Strategi Capital Cristian Lara:
“Na gestão de um fundo distressed, não há como inferir em quanto tempo o investimento terá retorno. É por isso que fazemos uma avaliação completa de cada ativo, para tentar formar a expectativa de solução específica para aquele caso. Estamos sempre diante de fatores de risco não controláveis.”
*Foto: Reprodução/Unsplash (Abbe Sublett – unsplash.com/pt-br/fotografias/nxZDMUQhN4o)