Mesmo com receitas menores, Azul sai mais eficiente da pandemia

Após perder R$ 2,9 bilhões no segundo trimestre, a companhia aérea Azul sai mais eficiente da pandemia. Isso porque a empresa, apesar de ter gerado receitas menores do que quando entrou no período de crise que assolou o país, em razão do avanço da Covid-19, sai também com menos custos e margens menores.

De acordo com um relatório do banco BTG Pactual:

“Olhando para frente, a empresa deve ser mais eficiente e com uma estrutura de custos mais econômica.”

Queimando caixa

A empresa sofreu queda de 63% no valor das ações desde o começo de 2020, o que resultou num prejuízo bilionário no segundo trimestre. Com isso, a companhia vem queimando milhões de reais. Sendo assim, ela passou para uma estimativa de R$ 3 milhões até o final deste ano. Para o BTG, esse fator é bem-vindo. O banco explica que com o corte de gastos, a Azul conseguiu economizar R$ 7 bilhões até 2021 e, consequentemente, deve cobrir esta queima de caixa atual.

Azul sai mais eficiente da pandemia

Ainda segundo o relatório do BTG, a demanda por voos está sendo retomada mais rapidamente do que o previsto. Isso engloba as regiões Nordeste e Centro-Oeste. Muitas empresas do setor agropecuário, concentradas nessas regiões, ainda não se adaptaram às reuniões remotas e continuam realizando viagens corporativas.

Nestas regiões há muitas empresas do setor agropecuário, que ainda não se adaptaram às reuniões online e seguem fazendo viagens corporativas.

Vale lembrar que no mês de junho, a linha aérea já ofertava voos diários e com segurança.

Demanda internacional

Em contrapartida, viagens corporativas internacionais, que geralmente contam com margens maiores, seguem com baixa demanda. Isso ocorre porque existem muitas restrições para voos internacionais. Além disso, a Azul está operando apenas dois voos para os EUA por semana. Mas a previsão é de que chegue a três ou quatro voos semanais até o final do ano.

Com o retorno da demanda, mesmo que lenta, a linha aérea também está recompondo sua capacidade. Até o fim deste ano, a oferta de assentos deve ser de aproximadamente 40%. Outro ponto positivo para a empresa é em relação à divisão de transporte de cargas, que está crescendo neste período.

BNDES

Além disso, a Azul sai mais eficiente da pandemia também pelo fato de estar na reta final de negociação com o BNDES, mesmo que ainda não tenha decidido se aceita ou não o empréstimo do banco. A estatal desenha um plano de socorro às linhas aéreas. A Azul não descarta avaliar outras opções de financiamento.

Voos regionais

Contudo, a companhia aérea aposta em voos regionais e destinos nacionais, na intenção de recuperar suas vendas. Sendo assim, ela acaba de lançar sua nova subsidiária para o mercado de voos regionais: a Azul Conecta.

A empresa é fruto da compra da TwoFlex, anunciada no começo do ano. A Azul Conecta atua em 36 destinos no país, e é constituída por 17 aeronaves do modelo Cesna Gran Caravan – turboélice regional monomotor com capacidade para até nove assentos. Dos 17 aviões, três são exclusivamente cargueiros. Sobre isso, John Rodgerson, presidente da Azul, afirmou na época do lançamento:

Dos 17 aviões, três são exclusivamente cargueiros.

“Com essas aeronaves vamos transformar o Brasil mais uma vez. Vamos chegar a 200 destinos. Todo mundo está triste com o que está acontecendo no mundo, mas isso vai acabar. Temos de olhar para frente e ajudar o Brasil a crescer.”

Pelo fato de ter sido obrigada a ficar mais enxuta neste período, cortando gastos, além de se tornar mais regional, a linha aérea Azul sai mais eficiente da pandemia. Além disso, ela pode se tornar uma das empresas a se recuperar mais rapidamente no setor aéreo brasileiro.

*Foto: Divulgação