Na noite de ontem (17), foi anunciada a greve dos funcionários dos Correios em todo o Brasil. Sendo assim, as PMEs de vendas online podem ser bastante prejudicadas, pois seus métodos de logística estão atrelados à estatal de entregas.
Além das empresas de pequeno e médio porte, as grandes varejistas também serão afetadas pela greve. No entanto, isto será pouco refletido no cotidiano delas. Neste cenário, estão inclusas as companhias: B2W, Mercado Livre e Magazine Luiza. Isso porque todas elas possuem contratos com transportadoras e startups de logísticas, na intenção de aumentar o volume de entregas, enquanto ocorre a greve nos Correios.
PMEs de vendas online
Ao menos 8 entre 10 PMEs de vendas online dependem dos Correios como fonte principal dos fretes aos clientes. Estes dados são de uma pesquisa feita com 2.000 lojistas online entrevistados entre janeiro e fevereiro deste ano pela Loja Integrada, uma desenvolvedora de softwares para lojas virtuais.
Todavia, as soluções de logística ainda estão longe de atingir a dominância da estatal. Somente 28% das empresas de pequeno e médio porte utilizam transportadoras, e 24% contratam serviços de motoboy para as entregas, revela o estudo.
Contratos mais caros para as PMEs de vendas online
Em vista desta situação, os PMEs de vendas online são obrigados a recorrer a contratos mais caros com transportadoras. Além disso, elas já estão bastante sobrecarregadas em função das encomendas vindas das grandes varejistas, afirma Ricardo Hoerde, fundador da Diálogo Logística, startup de entregas focada no comércio eletrônico, com 2.000 entregadores autônomos nas principais cidades das regiões Sudeste e Sul:
“Ou, então, o risco é perder a venda por causa dos prazos muito mais dilatados.”
Ele ainda revela que na manhã de hoje (18), já recebeu telefonemas de alguns varejistas com o intuito de reservar mais espaço de entregas na Diálogo. Por enquanto, a demanda das PMEs ainda não veio:
“Mas, sem uma sinalização de um final dessa greve, é questão de dias para sermos procurados.”
Em razão da pandemia da Covid-19, ocorreu um aumento na demanda da startup. E segundo ela, a expectativa é que tenha um faturamento de R$ 100 milhões neste ano, dobrando a receita de 2019.
Entregas em atraso
Com a greve dos Correios, um dos primeiros impactos negativos para empresas de pequeno e médio porte é em relação a um possível aumento no prazo de entrega para o consumidor final. De acordo com André Ricardo Dias, CEO do Movimento Compre & Confie, que monitora o comércio eletrônico, encomendas que demorariam dez dias antes da greve, agora podem levar de 12 a 15 dias. Já os extravios poderão ser mais comuns nas próximas semanas:
“A esperança é que a greve não seja extensa. Se não, vai ter impacto grande para o comércio eletrônico, ainda mais em momento em que o setor dobrou de tamanho por causa da pandemia.”
Marketplaces
No entanto, o mercado de empreendedorismo que utiliza marketplaces para vender seus produtos está, de certo modo, protegidos em decorrência de alternativas logísticas, como transportadoras e motoboys. Dias ainda reforça que até mesmo o Mercado Livre usa os serviços dos Correios.
Contudo, o fundador da Uello, startup que otimiza rotas para entregas urbanas, Fernando Sartori, acredita que a greve da estatal vai prejudicar as entregas no comércio eletrônico, especialmente os PMEs:
“Quem inicia no e-commerce tende a recorrer ao serviço da estatal como principal meio de entregas.”
Ele ressalta que o primeiro passo para impedir prejuízos é avisar o cliente sobre a situação, pois “a ideia é esticar o prazo das entregas atuais e futuras”.
Reclamações dos Correios em alta
A greve dos Correios acontece em um momento de aumento nas reclamações sobre seus serviços. Segundo o Procon de São Paulo, foram 2.182 queixas contra o serviço da empresa no primeiro semestre de 2020. Portanto, são cinco vezes mais do que no mesmo período em 2019. As principais reclamações dizem respeito ao atraso nas entregas, revela a entidade em nota à imprensa.
*Foto: Divulgação