Resultados da América do Sul influenciarão na fusão FCA-PSA

Êxito da fusão FCA-PSA será determinado pelas operações na América do Sul, que estão sujeitas a legislações distintas

A fusão FCA-PSA que diz respeito aos grupos FCA Fiat Chrysler e PSA Peugeot Citroën, foi confirmada. Com isso, foi iniciado também o período de definição dos produtos a serem comercializados pela montadora. A nova companhia automotiva possui um portfólio baseado em carros compactos e urbanos, utilitários esportivos e veículos leves de carga. O êxito dependerá muito de como serão os resultados da empreitada na América do Sul.

As operações nesta região estão sujeitas a diferentes legislações, que inclui questões ambientais e de segurança menos exigentes que as aplicadas nos mercados europeus, América do Norte e na China, onde existe maior pressão para a eletrificação de veículos. Essa alteração de matriz energética provoca investimentos altos, com retorno a longo prazo.

Recuperação de vendas com a fusão FCA-PSA

A fusão FCA-PSA identifica que há a necessidade de recuperar as vendas no Brasil e na Argentina, que são os maiores mercados sulamericanos. Na prática, isso equivale a melhorar a lucratividade do negócio. Grande parte dos carros propostos para este continente usa motores já desenvolvidos e bem aceitos pelo setor e consumidores, e ainda com o fator de ganho de eficácia ao conectar etanol ao motor turno.

Os investimentos feitos recentemente pela montadora FCA-PSA a coloca em uma posição confortável para a renovação de sua frota. A partir do ano que vem, o grupo PSA vai fabricar modelos sobre a nova plataforma CMP no Brasil e na Argentina. Além disso, entre 2020 e 2022, chegarão ao mercado automotivo as novas gerações de modelos Peugeot (208 e 2008) e Citroën (C3 e Aircross).

O grupo FCA teve êxito com sua fábrica de Goiana, no Pernambuco. É de lá que saem os produtos mais rentáveis da companhia na região, com destaque para a picape Fiat Toro e os Jeep Renegade e Compass. Já em Betim (MG), a linha de montagem está pronta para receber a nova Strada, que é lidera o ranking de vendas do segmento de veículos leves associados ao trabalho.

Planejamento

Atualmente, a estratégia do grupo FCA, que investiu R$ 14 bilhões na América do Sul em uma etapa que vai até 2022, incluem lançamento de novos carros utilitários. Com a fusão FCA-PSA, é possível que alguns desses veículos voltem ao ciclo de desenvolvimento com o intuito de aproveitar a diminuição de despesas fabris, promovidos pela plataforma CMP do grupo PSA.

Empregos com a fusão FCA-PSA

A princípio, pode soar estranho um modelo da Jeep usar uma base desenvolvida pela Peugeot e vice-versa. No entanto, em um passado não tão distante assim, ninguém pensava que um veículo da alemã Opel, que já pertenceu à General Motors, pudesse contar com partes em comum de um hatch francês. E hoje, isso é possível com a nova geração do Corsa europeu, comercializado por aqui por meio da marca Chevrolet.

Em contrapartida, há a preocupação da fusão FCA-PSA em relação aos empregos. Atualmente, o mercado automotivo enfrenta um processo de reestruturação global, com otimização dos meios de produção e diminuição dos quadros de empregados.

No caso dos grupos FCA e PSA, esses fatores dependerão de como o setor vai se movimentar durante o ano de 2020 na América do Sul, para que a nova montadora obtenha êxito em suas fábricas.

Fonte: Folha de S. Paulo

*Foto: Reprodução / Revista Quatro Rodas