Afirmação é do vice-presidente da Anbima, Carlos André que explica mais sobre o momento atual do setor de fundos de investimento
A indústria de fundos de investimento do país está se modificando no sentido que a migração de recursos para ações e multimercados pode se tornar algo mais duradouro, segundo o executivo da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) no Brasil.
Setor de fundos de investimento
O momento atual da economia brasileira tem sido reflexo de uma prática de juros mais baixa, decorrentes da crise que assola o país. Portanto, os títulos de renda fixa tem perdido seu espaço, dando lugar a investimentos mais avançados.
Sendo assim, é justamente no setor de fundos de investimento que surge esta alteração, que antigamente era dominada por ações mais seguras. Hoje em dia, até mesmo o investidor de perfil mais conservador tem sido obrigado a planejar melhor sua estratégia, se quiser de verdade ter um retorno muito mais atrativo de seus ativos.
Mudança é vista em indicativos
Esta alteração do cenário de fundos de investimento vem embasada nos números atuais. Pois, ela vem sendo liderada de outra forma. Agora, em primeira posição aparecem as categorias denominadas de risco, como: ações e multimercados, que compreende os fundos investidos em classes de ativos como câmbio, ações e renda fixa, que surge em último lugar neste quesito. Pois, o mercado financeiro está mais acostumado com os brasileiros que preferem investir seus recursos em papéis de renda fixa do que em títulos mais arriscados.
Recursos alcançados no primeiro semestre
Durante o primeiro semestre deste ano, os fundos de investimento atingiram o montante de R$ 161,7 bilhões de captação líquida. Esse indicativo prova que os recursos alcançados foram 226% maior que na mesma época do ano passado, que registrou R$ 49,6 bilhões.
No entanto, o alto percentual também se deve um aporte pontual depositado em um fundo de direitos creditórios. Porém, a liderança dos fundos relacionados à multimercados e de ativos no nicho das captações tem atraído bastante a atenção desse setor da economia. No total, durante este período, a somatória foi de R$ 37,9 bilhões (multimercados) e R$ 32,6 bilhões (ativos de captações).
Pessoa física e fundos de investimento
Recentemente, foi divulgado que mais de 75% dos recursos de pessoas físicas estão aplicados em fundos de renda fixa. Em seguida, 11,5% são destinados às ações e por fim, 9% estão alocados em multimercados.
Em entrevista à revista EXAME de agosto, Carlos André, que também atua como presidente do Fórum de Gestão de Fundos Mútuos da Associação, explicou que esta nova proporção que surge no mercado financeiro tende a ganhar cada vez mais força.
Quando abordado sobre o aumento expressivo da captação de fundos, André disse:
“O ano está sendo bastante interessante de captação líquida até julho. Houve questões pontuais que ajudaram a inflar este aumento e até distorceram um pouco o dado, como a captação de um fundo exclusivo de um grande conglomerado empresarial na categoria de direitos creditórios (FIDCs). Contudo, mesmo sem considerar esse movimento específico, a indústria teve um desempenho bastante interessante. Descontando essa movimentação atípica, de R$ 41,2 bilhões, a captação líquida do setor foi de R$ 120,5 bilhões, um volume bem expressivo. O diagnóstico mais interessante que conseguimos extrair é que a indústria tem apresentado captações acima das médias nos últimos anos”.
Tipos de investidor
O executivo tem notado que as pessoas físicas têm apostado mais em fundos de investimentos mais arrojados. E ressaltou ainda:
“Os investidores institucionais, como fundos de pensão e seguradoras, também estão buscando diversificar suas alocações principalmente para ações. A previdência aberta, que é uma classe específica, apresenta o mesmo fenômeno, aumentando a participação em ações e multimercados”.
Papel da assessoria de investimentos
Sobre essa modificação do cenário, Carlos André afirma que:
“Como a renda fixa tradicional entrega retornos mais baixos, o investidor busca diversificar seu portfólio. Na assessoria mais qualificada de investimentos, as carteiras são otimizadas para dar melhores retornos. Os investidores mais qualificados como private banking e institucionais normalmente já contavam com esses serviços mais qualificados. A novidade é que este trabalho tem se disseminado para pessoas físicas em todo o segmento, dos mais afluentes até o público de varejo”.
Ele finaliza a entrevista à EXAME, dizendo que tudo leva a crer que continuará tendo uma diversificação das carteiras de investimento, principalmente pelas pessoas físicas.
“É importante ter uma recuperação da economia para refletir em retomada da confiança dos empresários e consumidores e o maior nível de emprego, o que significaria um aumento de renda e maior sobra de recursos para investir. Parece que de fato estamos em uma trajetória que contribui para o bolo de investimentos crescer, que significa aumento de renda lá na frente”.
Fonte: revista EXAME
*Foto: Divulgação