Os surdos ainda enfrentam muitas dificuldades em seu dia a dia, principalmente às atreladas ao mercado de trabalho.
Foi com um exemplo dentro de sua própria casa que a empreendedora Fabíola Borba criou a startup Signa. Seu pai que é deficiente auditivo tinha vergonha dizer à sua mãe que não sabia ler.
Esta é a realidade da maioria dessas pessoas no mundo todo. Pois, elas não são alfabetizadas na língua de seu próprio país, e sim pela linguagem de sinais.
Em entrevista ao UOL, durante o evento TEDxFloripa, a Fabíola afirmou:
O começo da Signa
“A comunidade surda tem uma cultura própria. Algumas pessoas não sabem, mas a língua de sinais não é só uma soletração de palavras. Ela é uma língua completa, como qualquer outra. É uma língua que se usa de espaço visual. É uma língua que se usa de gestos e sinais, mas só gestos e sinais não são suficientes. Expressões corporais e faciais podem mudar facilmente o sentido de uma frase”.
Como Borba sempre trabalhou com empreendedorismo, ela participou em 2015 do evento Startup Weekend, em Florianópolis. Foi ali que teve contato com um grupo preocupado e motivado a trabalhar com a acessibilidade voltada para deficientes auditivos. Esta equipe foi a vencedora do concurso.
A empreendedora juntou-se a eles e assim nasceu a empresa Signa. Ela explicou durante a TEDxFloripa, que a maioria dos cursos oferecidos aos surdos dispõem de quatro modalidades de aprendizagem: por meio de cursos online, ajuda de família e amigos, livros e cursos presenciais.
No entanto, ela ressaltou a dificuldade que é encontrada pelos deficientes auditivos sobre estas questões. Pois, como vão ler algo mostrado nestes cursos, por exemplo, se a maioria não é alfabetizada? Além disso, como iriam integram uma turma presencial se não é um intérprete de libras presente?
Todos esses questionamentos foram essenciais para a criação da Signa. A startup catarinense possibilita aos surdos cursos online legendados e produzidos em libras. O intuito é prepará-los melhor para o mercado de trabalho.
Cursos e outros tipos de informação
A plataforma oferece aprendizados relacionados a português, matemática e passando até por línguas estrangeiras, como o inglês. Também podem aprender conteúdo mais técnico, como o Adobe.
A startup se preocupa em informar à comunidade de deficientes auditivos sobre diversas questões, como por exemplo, explicar como devem proceder em relação a cartões de crédito, FGTS, etc.
Fabíola ressalta que a Signa tem por objetivo capacitar profissionalmente os surdos. Com isso, eles estarão ajudando também às empresas a terem em seu quadro funcionários um colaborador com deficiência de audição.
A companhia ainda não tem um projeto certo com empresas, mas afirma que este é o próximo passo a ser dado.
Borba diz que mesmo havendo certo fascínio hoje em dia pela língua de libras, ainda existe uma resistência das empresas em oferecer qualificação profissional a estas pessoas. Pois, para isso acontecer, elas teriam que se comunicar por meio de sinais com estes funcionários.
Projeto nacional se destacou lá fora
O Prêmio Next Billion EdTech contempla jovens empreendedores que possuem projetos tecnológicos revolucionários. A premiação deste ano aconteceu no mês de março, em Dubai, nos Emirados dos Árabes. A Signa conquistou a sexta posição entre pessoas que desenvolvem soluções que aumentem a área educacional em países emergentes e de baixa renda.
O certame reúne 30 startups selecionadas no mundo todo, que participam de uma etapa final. O evento ainda conta com mais de 1.500 representantes para solucionarem as questões mais emergentes sobre a globalização da educação. Os três primeiros colocados recebem US$ 25 mil. Também é realizada no mesmo dia a premiação para melhor professor do mundo, o Prêmio Global Teacher. Esta categoria recebe US$ 1 milhão.
Fonte: Notícias Uol – Coworking
*Foto: Divulgação / Marcos Gama e Darley Goulart