Mercado de Luxo nacional se destaca com uma alta anual de 18% no segmento, enquanto que marcas renomadas enfrentam desafios
O cenário atual do mercado de luxo demonstra um grande contraste. Isso porque há uma desaceleração nos mercados globais e o crescimento forte no Brasil. Além disso, marcas renomadas como Chanel, Prada, Louis Vuitton e Dior estão enfrentando desafios expressivos na Europa e nos Estados Unidos, que resultam em quedas nas ações e receitas abaixo das expectativas. Por sua vez, no mercado chinês a expectativa é que o segmento se recupere, uma vez que do ponto de vista histórico corresponde a uma grande parte de seu consumo.
Mercado de luxo nacional
Em contrapartida, o mercado de luxo nacional se destaca como uma indústria da moda promissora. Prova disso é que registra um crescimento médio de 18% ao ano. Ou seja, muito acima da média global de 10%. Em 2022, o mercado de luxo no Brasil movimentou R$ 74 bilhões, com uma expectativa de chegar a R$ 130 bilhões até 2030. Os dados são da Brain & Company. Tal avanço é estimulado por um crescente apetite por produtos exclusivos e de alta qualidade, sobretudo em moda e acessórios pessoais, que correspondem à porta de entrada para novos consumidores de luxo no país.
Como se define o segmento
Atualmente, o segmento se define por alguns atributos. São eles: exclusividade, tradição, raridade e uma relação especial com o tempo.
Além disso, esses ideais são divididos em nove categorias, que incluem desde moda e joias até iates e hotéis. No Brasil, o ponto de entrada para muitos novos consumidores de luxo é justamente o setor de moda e acessórios pessoais.
Redes sociais
O segmento também ganha apoio das redes sociais, como TikTok e Instagram, que desempenham um papel fundamental ao dar visibilidade às marcas e facilitar o acesso a um público antes não transitava pror este meio. Já os influenciadores digitais exibem produtos de luxo para milhões de seguidores, instigando o desejo de consumo e, portanto, também sendo essenciais nesta cadeia de produção.
Brechós
Por sua vez, os brechós e revendas de luxo vêm se destacando no país, com um aumento expressivo no número de estabelecimentos nos últimos anos. De 2010 a 2015, o número de brechós cresceu 210%, conforme dados do Sebrae. Além disso, esse nicho da economia é impulsionado pela sustentabilidade, exclusividade e preços mais acessóveis.
O Brasil também atravessa um período de transição sobre o consumo de luxo. Trata-se do conceito de quiet luxury, estilo mais discreto e ao mesmo tempo popular, a partir de consumidores que valorizam marcas que compartilham seus propósitos, como o consumo consciente e sustentável.
Desaceleração global do mercado de luxo
Contrariando o crescimento no Brasil, o mercado global de luxo enfrenta um momento desafiador. Nos últimos seis meses, marcas como LVMH, Kering e Prada viram suas ações caírem de modo significativo. A LVMH controla nomes como Louis Vuitton e Fendi e teve uma queda de 20% em suas ações. Enquanto isso, a Kering – dona de marcas como Gucci e Balenciaga – viu suas ações desvalorizarem em 30%. A Prada teve uma queda mais moderada, de 6%.
A Kering registrou queda de 11% na receita do primeiro trimestre de 2024, com uma expectativa de retração de 30% nas vendas até o próximo semestre. A LVMH também enfrentou desafios, com uma receita de 41,7 bilhões de euros (aproximadamente R$ 250 bilhões), abaixo da previsão de mercado de 42,5 bilhões de euros.
E na China?
A desaceleração econômica na China, que representa quase 25% do consumo global de luxo, tem impactado fortemente essas marcas. Nos primeiros seis meses de 2024, as vendas da LVMH na Ásia caíram 14%, refletindo essa realidade.
Além disso, essa desaceleração também afetou diretamente a fortuna de Bernard Arnault, fundador e CEO da LVMH. Em abril de 2023, Arnault se tornou o homem mais rico do mundo, porém, viu seu patrimônio diminuir em US$ 22 bilhões (cerca de R$ 120 bilhões), caindo para a quinta posição no ranking da Forbes das pessoas mais ricas do mundo.
Fonte: Foto de The Yuri Arcurs Collection na Freepik