IA nas empresas tem no Brasil o país mais otimista em relação à tecnologia no mercado de trabalho, segundo estudo do BCG com mais de 12 mil executibos no mundo
Recentemente, um estudo da consultoria americana BCG (Boston Consulting Group) com mais de 12,8 mil executivos em 13 mercados, revelou que os líderes empresariais brasileiros são os mais otimistas do mundo em relação ao impacto da inteligência artificial no mercado de trabalho.
Vale lembrar que em fevereiro, executivos da área de finanças disseram que estavam pessimistas com o uso da IA.
IA nas empresas
O impaco positivo da IA nas empresas tem ainda a Índia e o Oriente Médio como parte da tríade de liderança junto ao Brasil. Enquanto isso, Estados Unidos, Países Baixos e Japão são os menos otimistas.
Efeitos negativos da IA
Em termos de preocupação com os efeitos negativos da IA no mercado de trabalho, os mais consternados são os líderes dos Países Baixos, da França e do Japão. Portanto, o Oriente Médio, o Brasil e a Índia têm os líderes empresariais menos preocupados com o impacto da IA.
Plataforma Futuros Possíveis
Além disso, uma pesquisa do BCG reforça os resultados de um estudo feito pela plataforma de inteligência Futuros Possíveis em parceria com a empresa de pesquisas Opinion Box, divulgado no fim de abril, que revelou que 77% dos trabalhadores brasileiros não se sentem ameaçados pela substituição por novas tecnologias.
Goldman Sachs
Por outro lado, mesmo diante do clima de otimismo entre os executivos brasileiros, um estudo do Goldman Sachs feito neste ano estima que, mundialmente, 300 milhões de empregos serão afetados pela inteligência artificial, e isso levará dezenas de milhões de trabalhadores para fora do mercado. Os mais ameaçados são os trabalhadores de escritório, como advogados, enquanto os ofícios como construção ou manutenção têm menor risco de serem afetados pelo avanço tecnológico.
Por que líderes brasileiros não se sentem ameaçados?
De acordo com Sylvain Duranton, líder global do BCG X, os brasileiros são otimistas com a IA porque, entre os líderes empresariais, há muitos profissionais que vieram do mercado de tecnologia, enquanto em outras regiões, como Europa e Estados Unidos, há mais medo da IA e de como ela pode afetar os empregos dos executivos.
Neste caso, Duranton afirma que o País possui mercados fortes de commodities, como agronegócio, aço e petróleo e devem integrar a inteligência artificial a esses setores para torná-los mais eficientes. No entanto, ele tem uma preferência.
“Se eu fosse apostar em uma área que tem potencial global no Brasil com a chegada da IA, seria o agronegócio. Pode ser difícil criar um novo Google, mas o agronegócio brasileiro tem potencial para estar entre os melhores do mundo.”
Regulamentação da IA
O estudo mostra também que oito a cada dez líderes empresariais acreditam na necessidade de regulamentação da inteligência artificial para que seu uso seja responsável.
Contudo, a pesquisa do BCG indica uma discrepância entre as visões de líderes corporativos e de profissionais que atuam com inteligência artificial no dia a dia em suas funções. Entre os executivos, sete a cada dez se dizem confiantes de que suas empresas usam a IA de modo responsável, enquanto apenas três a cada dez trabalhadores da linha de frente com a tecnologia acreditam que suas companhias tomaram as medidas mais adequadas para o uso responsável.
Além da experimentação com a tecnologia e de aplicações éticas, os executivos também dizem que o investimento em capacitação profissional de mão de obra, principalmente dos trabalhadores que já estão no mercado, é um dos pilares mais importantes para a era da IA.
Novas habilidades
A pesquisa indica que 86% dos entrevistados acreditam que precisarão de novas habilidades para lidar com as mudanças que a IA provocará em suas funções atuais. Enquanto isso, 36% dizem que provavelmente perderão seus empregos por causa da IA.
ChatGPT e Midjourney
Por fim, o uso de ferramentas baseadas em inteligência artificial generativa, como o ChatGPT ou o Midjourney, ainda é baixo entre os entrevistados. Menos da metade (46%) disseram ter usado a tecnologia ao menos uma vez, enquanto apenas 29% disseram usá-la várias vezes por semana.
*Foto: Reprodução/Unsplash (Michael Dziedzic – unsplash.com/pt-br/fotografias/qDG7XKJLKbs)