Sem uso do dólar, os países farão negócios com o intuito de reduzir custos e tempo de operação, afirma o especialista Rodrigo Giraldelli
O Banco Central do Brasil (BCB) e o Banco Central da China (People’s Bank of China ou PBC) assinaram um Memorando de Entendimentos para aperfeiçoar a cooperação em serviços financeiros relacionados ao mercado e negócios em renminbi (RMB) – nome oficial da moeda chinesa, mais conhecida pelos brasileiros como yuan.
Sem uso do dólar
Tal acordo permite que as operações comerciais entre os países dispensem a liquidação via câmbio. Ou seja, sem uso do dólar – fazendo diretamente de reais para yuan.
Além disso, a parceria tem previsão para começar em julho de 2023 e vai ser mediada por uma instituição autorizada pelo governo chinês a atuar no sistema econômico do país.
Com isso, os importadores e exportadores brasileiros, que agora poderão fechar o câmbio diretamente convertendo de reais para a moeda chinesa, podem adquirir benefícios em dois aspectos.
Reduzir custos
De acordo com o especialista Rodrigo Giraldelli, à frente da China Gate, consultoria pioneira sobre importação da China, o mercado espera que o custo da operação baixe com o novo acordo.
“Quem transaciona esse dinheiro cobra uma taxa para fazer isso e um percentual em cima da transação financeira. São basicamente duas transações financeiras, as duas com uma cobrança de taxa e de percentual, o que encarece a transação. De reais para yuan, o importador vai ter apenas uma transação, o que deve baratear a operação.”
O consultor diz ainda que outro benefício do memorando seria a questão do tempo.
“Hoje, existe um tempo de processamento para que a transação entre esses países aconteça. Presumimos que, com um agente a menos, o dinheiro chega mais rápido. Além disso, o sistema de pagamentos, seguro e relativamente antigo, ligeiramente demora. Com esse acordo, e um sistema mais moderno, vai ser mais rápido.”
Nova cultura
Contudo, o especialista explica que um assunto menos prático resultante desse acordo seria a promoção de uma nova cultura, onde a transação comercial sem uso do dólar.
Por fim, o acordo tem sido entendido como algo bom por muitos especialistas, diz o CEO da China Gate:
“Os Estados Unidos estão muito preocupados. Antigamente, o padrão era o quilo do ouro. Esse memorando reafirma um novo posicionamento da China sobre o comércio externo e influencia para que, no futuro, a moeda da vez seja o yuan. Não temos histórico do comportamento do Yuan ao longo dos tempos e o fato da taxa de cambio na moeda chinesa ter forte influência do governo daquele país, torna esse aumento de influência chinesa um grande desafio no ganho da confiança dos empresários.”
*Foto: Reprodução/Pixabay (Thomas Breher – pixabay.com/pt/photos/notas-de-banco-d%C3%B3lar-941246/)