Crise da Americanas, segundo o presidente da ACSP, Alfredo Cutatit Neto, questões operacionais e impacto financeiro se resolvem, porém, prejuízo de acionistas não será fácil de recuperar
A varejista Lojas Americanas, que entrou nesta na quinta-feira (19) com pedido de recuperação judicial, após o escândalo revelado uma semana antes, envolvendo R$ 20 bilhões em dívidas não-contabilizadas, deve ter algum impacto para as demais empresas do varejo nacional. No entanto, essas questões devem se resolver com o tempo. É o que afirma Alfredo Cutait Neto, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
Crise da Americanas
Além disso, Neto disse enxergar o impacto da crise da Americanas em três dimensões. A primeira está associada exatamente à reputação do setor como um todo. Isso porque a Americanas era considerada um ‘case’ de sucesso. Portanto, a revelação de uma dívida desse patamar acaba gerando dúvidas sobre a saúde financeira de outros players, destacou Cutait.
A segunda questão é financeira porque o grosso dos empréstimos à varejista está concentrado nos cinco grandes bancos do Brasil (Banco do Brasil, Caixa, Bradesco, Itaú e Santander), apesar de algumas instituições menores também estarem expostas. Contudo, a questão da reputação aparece aí também, uma vez que nenhuma pessoa negava um empréstimo à Americanas. Porém, comerciantes menores muitas vezes nem são atendidos.
Por outro lado, o terceiro problema é o mais difícil de ser contornado. Neste caso, como ficam os acionistas minoritários da companhia, que acreditaram nela e na auditoria das contas quando decidiram aportar parte de suas poupanças nesse ativo? Em algum momento, eles vão tentar uma reparação na Justiça, acredita o presidente da ACSP.
Desconfiança dos clientes
Cutait avalia que a operação da Americanas deve seguir. No entanto, de seu ponto de vista, a varejista sofrerá um tempo com a desconfiança de sua clientela. Isso deve demorar a recuperar, afirma. Ele também escalreceu que o consumidor pode começar a buscar outra grande companhia enquanto a desconfiança prevalecer.
Por fim, em relação à rede de pequenos fornecedores que está sendo afetada pela crise, o presidente da ACSP acredita que eles terão de se adaptar à solução a ser dada para a empresa.
*Foto: Reprodução