Companhias também negociam lugares inativos em garagens residenciais
Conseguir uma vaga em estacionamento e ainda reservá-la já é uma realidade. Startups enxergaram esta comodidade como uma oportunidade de negócio. Para prestar o serviço, algumas empresas ofertam espaços até em garagens particulares.
Entre as empresas que disponibilizam esta tendência de mercado está a Coopark. Ela iniciou suas atividades há apenas oito meses após uma experiência negativa que de suas sócias vivenciou. Carolina Edelstein, relata:
“Parei meu carro na Paulista e paguei R$ 45. Andei um quarteirão e vi um lugar que custava R$ 20”.
Ela se atentou ao fato de que não havia ainda na internet um portal que informasse horários, valores e endereços de estacionamentos, em São Paulo. A partir daí, Carolina lançou uma plataforma contendo esses dados, além de ofertar a possibilidade de reservar a vaga.
Como funciona
O usuário acessa o sistema via app ou site e digita o endereço de seu destino. Em seguida, o programa lista os estacionamentos da região, passando os valores e horário de funcionamentos desses estabelecimentos.
O motorista opta pelo que atende melhor suas expectativas e reserva a vaga. Quando chegar ao local desejado, o valor é debitado pela própria plataforma. Portanto, não há necessidade do usuário fazer o pagamento no caixa do estacionamento.
A vantagem de utilizar esse sistema é evitar possíveis filas, como em dias de jogos de futebol ou shows. Além disso, é oferecido um desconto para os motoristas que fizerem a reserva com antecedência. Carolina diz:
“Essa informação, que muitas vezes falta, é importante para o motorista. Por exemplo, você vai de Uber a algum lugar e vê que a corrida sai R$ 30. Mas às vezes tem um estacionamento próximo por R$ 15 e você não sabe”.
Após abrir a Coopark, a fundadora disse que nunca mais solicitou carros por aplicativo para ir até o aeroporto. Pois, nesta região existem estacionamentos baratos para deixar seu automóvel, enquanto viaja.
Lucro da Coopark
De acordo com a empresária, a abertura da startup possibilitou aos donos de estacionamento estarem presentes na internet, algo que não costumava acontecer para muitos deles.
O lucro da empresa vem de uma porcentagem a cada pagamento que é processado diretamente em sua plataforma. Atualmente, a Coopark tem parceria com 500 estacionamentos, principalmente no eixo Rio-SP. A companhia tem seis colaboradores e almeja obter faturamento em torno de R$ 100 até o fim de 2019.
Unpark
Outra startup do segmento, a Unpark iniciou suas operações em junho de 2018. O diferencial dela é que agencia vagas de pessoas físicas. Portanto, quem tiver uma vaga sobrando na garagem e quiser alugá-la para usuários cadastrados do Unpark, é permitido. Segundo a sócio-fundadora, Michele d’Ippolito:
“Se você sai para trabalhar de carro, sua vaga no seu prédio fica disponível no período comercial. Você pode alugá-la para alguém durante esse intervalo de tempo”.
Porém, esse tipo de oferta exige algumas providências a serem tomadas para que tudo fique certo. Uma delas é o condomínio onde a vaga é ofertada estar ciente da transação e liberar a entrada do visitante. Além disso, o porteiro deve ser capacitado em registrar a chegada do locatório à garagem pelo próprio aplicativo da startup. Este modelo disponível ainda precisa de melhor entendimento por parte dos condomínios a serem discutidos em reuniões.
Por esses fatores que a maioria das 3.000 vagas disponibilizadas pela Unpark está dentro de estacionamentos, e quase todas elas situadas em São Paulo. O lucro, assim como na concorrente, vem de porcentagens da plataforma. Para este ano, a empresa pretende agenciar entre 20 mil e 30 mil vagas, com faturamento de R$ 200 mil.
Entraves do negócio
A ausência de dados sobre estacionamentos pode ser um obstáculo para este nicho de mercado. Sobre isso, a startup carioca Jump Park foi obrigada a dar um passo atrás. Ela teve que retirar o sistema do app de circulação. Hoje ela opera como uma coletora de informações de estacionamentos e oferece o serviço de gestão a estes estabelecimentos, no Rio de Janeiro. O diretor-executivo, Gustavo Cabral afirma:
“Atualmente meus clientes são os estacionamentos, e eu recebo mensalmente deles por fornecer um sistema de controle interno”.
A Jump Park almeja retornar ao app de reservas de vagas após obter um banco de dados potente, contendo todas as informações necessárias dos estacionamentos.
Opinião do Sebrae e StartSe
De acordo com Claudinei dos Santos Fermino, consultor do Sebrae-SP, a este ramo de negócio tende a crescer. Em sua opinião, é um comércio que resolve uma questão real enfrentada por muitas pessoas. Além disso, a população já está acostumada a utilizar serviços por aplicativo.
O ponto de vista do fundador da StartSe, Junior Bornelli é contrária a de Fermino. Para o empresário da área de educação executiva continuada, este ramo de negócio não possui grandes probabilidades de dar certo em longo prazo. Ele conclui:
“A tendência é que realmente as pessoas tenham menos carros no futuro. E também haverá automóveis autônomos, o que significa que a necessidade de encontrar vagas será menor”.
*Foto: Divulgação