Geralmente na hora de pedir um empréstimo os empreendedores acabam cometendo alguns erros; confira alguns
Ao adentrar o universo do empreendedorismo é bastante comum recorrer a algum empréstimo para viabilizar o próprio negócio ou fortalecê-lo. No entanto, é preciso estudar bem o mercado onde se insere sua empresa para saber o que é correto ou não na hora de pedir um empréstimo.
Sobre isso, o gerente de relacionamento do Sebrae, Enio Pinto, afirma o seguinte:
“Eu diria que 98% fazem errado. Quem sabe pedir crédito é exceção.”
Falta de planejamento
Não planejar corretamente a área financeira de sua empresa é um dos erros mais comuns quando se abre o próprio negócio. Outro fator que contribui para isso e que pode afetar gravemente o andamento da empresa é não projetar a capacidade de pagamento mensal dos juros.
Foi exatamente por isso que passou o empresário Raul Poloni, 36 anos. Ele que é dono da Maxxmotors, loja online de acessórios para automóveis, com escritório na zona leste de São Paulo, afirma que desde o começo da firma contraiu empréstimos. Ele admite que recorreu a esta solução por falta de dinheiro e também de inexperiência. Junto a tudo isso ainda vem a má administração. Resultado: um verdadeiro buraco financeiro que se arrastou por anos. Ele ainda complementa que “meu sobrenome é juros”. Hoje, ele é formado em gestão de negócios.
Atualmente, ele tem de lidar com os juros de quatro empréstimos. Dois foram feitos junto à Caixa Econômica e renegociados na pandemia, com valor total de R$ 170 mil. Além disso, ele contraiu outros no fim de 2020 junto ao BNDES. Portanto, a meta agora é utilizar o dinheiro para investir na importação de peças automotivas e gerar fluxo de caixa.
Conheça os 5 erros mais frequentes para ter crédito
O primeiro deles diz respeito a não saber identificar as necessidades do negócio. Então, neste caso, o especialista do Sebrae recomenda:
“Será que o empreendedor não está superestocado e pode fazer uma liquidação? Ou falta alinhar os prazos de contas a pagar e a receber? Nesses casos, ele não precisa buscar crédito, e sim tentar se organizar melhor.”
Porém, se o único jeito for pedir um empréstimo, é preciso fazer uma avaliação detalhada da aplicação desse dinheiro e da capacidade de pagamento da empresa.
Outro crédito para cobrir o rombo nas contas
Para Roque Pellizzaro, presidente do SPC Brasil, a maioria dos empreendedores erra ao imobilizar os recursos da empresa. Tal atitude faz com que ocorra falta capital de giro. Consequentemente, eles recorrem a um empréstimo em caráter emergencial.
“Cada empréstimo deve gerar um dinheiro novo ou expandir a empresa, permitindo pagar o financiamento. Quando o empreendedor pega para tapar buraco, lá na frente não vai ter dinheiro suficiente para pagar.”
Não determinar qual é o destino do crédito pedido
O terceiro erro mais comum é não ter em mente desde o começo o objetivo traçado do dinheiro solicitado. Por exemplo, se o foco é um investimento fixo, como compra de maquinário ou veículos, o empresário deve buscar uma linha de financiamento. Mas caso de capital de giro, o mais recomendado é buscar um empréstimo simples. Sobre isso, Ricardo Rocha, professor de finanças do Insper, explica:
“Se a linha for direcionada à necessidade do negócio, o custo acaba saindo mais barato. Não se pode pedir uma conta garantida qualquer e sair pegando dinheiro a custo alto.”
Jamais misturar finanças pessoais com as da empresa
Por incrível que pareça, ainda existe uma dificuldade muito grande em separar o dinheiro que pertence à pessoa jurídica e a física. Segundo Pellizzaro, este é um problema comum entre pequenos empreendedores. Por inexperiência eles usam parte de um empréstimo para a empresa em compras pessoais.
Porém, ele precisa entender aqui que se o capital não for investido no negócio, isso pode prejudicar seu funcionamento, além de comprometer a capacidade de pagamento de dívida.
Não projetar a capacidade de pagamento da dívida
Por último e não menos importante, é necessário ter controle absoluto do histórico de orçamento da empresa, além de simular financeiramente tanto o melhor quanto o pior cenário para o negócio, afirma Rocha:
“Se trabalhar dessa forma, é possível estar mais precavido até contra algo como a pandemia.”
Já para Enio, o empresário costuma fazer o cálculo considerando a realidade atual. Ou seja, ele não conta o aditivo financeiro ao negócio que o empréstimo significa.
“Se está investindo em uma máquina ou insumo, ele vai ter uma receita a mais.”
*Foto: Divulgação