1ª ablação de pulmão em Alagoas por radiofrequência é minimamente invasiva, graças ao uso de uma agulha ligada a aparelho que produz calor para queimar tumores
Em maio deste ano, ocorreu a equipe de Rádio Intervenção da Santa Casa de Maceió realizou a primeira ablação por radiofrequência de pulmão de Alagoas. No caso, uma paciente de 60 anos acometida por dois nódulos pulmonares (metástases de câncer de tireoide) foi submetida à técnica inédita, moderna e minimamente invasiva, que faz uso de uma agulha ligada a um aparelho que produz calor e tem a capacidade de queimar ou congelar os tumores.
Vale lembrar que em São Paulo, o médico Marcos Menezes luta para que este tipo de tratamento inovador chegue ao SUS. Recentemente, veio à tona que médico do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) aguardam ansiosos pela chegada de 60 agulhas doadas à instituição.
1ª ablação de pulmão em Alagoas
De acordo com o médico radiologista intervencionista, André Vitório, o uso de agulhas no método de ablação de pulmão em Alagoas é destibado a pacientes com a neoplasis primária controlada.
“A agulha é introduzida no nódulo, guiado por ultrassom ou tomografia, e tem a capacidade de agitar as moléculas, aquecendo a uma temperatura muito alta, o que acaba por queimar as células tumorais e preservar o tecido sadio. O caso dessa paciente foi a primeira ablação de pulmão que realizamos. Já havíamos feito ablações de fígado, peritônio, mioma, de nódulo da tireoide e uma crioblação de rim.”
Na cirurgia realizada em maio, ele contou com o auxílio do também radiologista intervencionista, Thiago Costa, e do anestesista Jadielson Higino.
Outros procedimentos com esta técnica
Além disso, também entram nos critérios técnicos os seguintes procedimentos:
- tumores malignos primários de pulmão medindo até 3,5 cm;
- nódulos malignos secundários (metástases), cuja técnica só é aplicada quando o paciente tem no máximo cinco tumores que meçam até 3,5 cm; pacientes que apresentam volume pulmonar reduzido e que uma cirurgia poderia ocasionar risco de insuficiência respiratória;
- pacientes com idade superior a 70 anos e que possuam alguma comorbidade cardiovascular, pulmonar, hepática ou renal;
- e pacientes que utilizam e não possam suspender medicações que afinam o sangue.
Como é feito o procedimento
A ablação de pulmão é minimante invasiva, e feita de modo ambulatorial. Sendo assim, ele oferece mais conforto ao paciente, uma vez que a anestesia é geral e ele fica intubado durante todo o processo.
E dependendo da quantidade de nódulos, o procedimento dura em torno de duas a quatro horas. Após a intervenção, o paciente fica em observação por 6 horas. Mas, em alguns casos necessitam de internação de 24 horas. Todavia, há várias modalidades das terapias ablativas: radiofrequência (queima o tumor), crioablação (congela o tumor) e ablação por micro-ondas (queima o tumor). Cada uma tem uma indicação conforme o caso do paciente.
ANS sobre uma ablação de pulmão em Alagoas
Contudo, no rol da Agência Nacional de Saúde (ANS), apenas alguns cânceres têm o tratamento ablativo liberado, como é o caso do câncer primário de fígado e um tipo específico de tumor ósseo, o osteoma osteoide.
Segundo André Vitório:
“Apesar disso, outros casos que ainda não estão no rol da ANS têm sido cobertos por alguns convênios. Porém, a maioria é realizada via demanda judicial. O caso da paciente atendida em maio foi trazido pela Defensoria Pública, e o hospital recebeu a doação da agulha da indústria farmacêutica.”
Por fim, só em 2022, foram realizadas duas ablações por radiofrequência e duas crioablações, a mais recente no dia 23 de agosto, em paciente que possuía apenas um dos rins, e, sem o procedimento, poderia depender de hemodiálise para o resto da vida. Ele recebeu alta no dia seguinte.
*Foto: Reprodução